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Conhecimento que transforma a vida.

Por que mudar é tão difícil?
Carlos Augusto de Medeiros


Por que mudar é tão difícil? - Carlos Augusto de Medeiros

   Temos as nossas qualidades e nossos defeitos por diversas razões e não apenas por capricho ou acaso. Eles nos servem ou serviram de algum modo para nos adaptarmos ao ambiente em que vivemos. Se o ambiente que nos mantém agindo de determinados modos não se alterar, dificilmente passaremos a agir de outra maneira. Por exemplo, uma pessoa, ao longo de vida apresenta uma tendência a se queixar de tudo e de todos, assumindo um papel de vítima pode obter a pena, atenção e condescendência das pessoas. Se as pessoas continuarem a lhe tratarem desse modo quando ela reclamar e se vitimizar, é improvável que ela pare de fazê-lo, mesmo que sofra ao agir assim.

   Para mudarmos, precisamos, antes de mais nada, tentar alterar o ambiente que nos circunda. A mudança de dentro para fora é uma falácia inatingível que costuma ser dita para adiar a saída da zona de conforto. Mudar requer tentar fazer diferente e ver o que acontece. O problema é que o fazer diferente resulta no novo, no imprevisível e na falta de controle. Fazer diferente é abrir mão do conforto do controle. Se sairmos para jantar sempre nos mesmos restaurantes, por exemplo, podemos prever, com um grande grau de confiança o valor da conta, a qualidade dos pratos e do serviço. Por outro lado, num novo restaurante, teremos pouco controle sobre o que comeremos, uma vez que o cardápio pode não conter os pratos familiares, de modo que teremos que experimentar novos ingredientes ou novas combinações de ingredientes. Teremos mais dificuldade de controlar o valor da conta, uma vez que dificilmente saberemos de antemão o que, daquele novo cardápio, iremos comer, beber e quanto nos custará.

  No novo restaurante, podemos ter um jantar ruim, sermos mal atendidos e pagarmos caro. Entretanto, podemos ter novas experiências maravilhosas que nos serão inacessíveis se ficarmos apenas na nossa zona de conforto. Sair da zona de conforto significa reconhecer que nem sempre o que tentarmos vai dar certo. O fato de não dar certo não diz muito acerca de nosso valor pessoal e sim, simplesmente, que a natureza funciona assim. A metáfora de procurar vagas num shopping exemplifica claramente esse ponto. Dificilmente o Airton Senna teria melhores condições de encontrar uma vaga ao dirigir pelos corredores do que um barbeiro qualquer. Encontrar uma vaga tem pouca relação com um a capacidade do motorista. Para encontrar uma vaga, precisaremos percorrer os corredores do estacionamento e muitas das nossas tentativas de encontrá-la não darão certo. Podemos, ao invés de ir para o shopping, ficar em casa no conforto do lar, assistindo Netflix e pedir pratos de um de nossos restaurantes de costume no ifood.


  O mesmo vale para assistir filmes de apenas um gênero ou de apenas alguns poucos atores e diretores; ouvir sempre as mesmas bandas; comprar roupas nas mesmas lojas e por aí vai. Inclusive, podemos permanecer em um emprego, em uma academia ou mesmo, em um relacionamento amoroso, pela mesma razão. Já ouvi de uma cliente minha há muitos anos que ela preferia continuar com o namorado que a traia do que se aventurar em novas relações que ela não sabia como seriam. A escolha de ficar com o atual namorado era dela, é óbvio. Entretanto, o fato de ela ter condições de prever e controlar boa parte dos comportamentos do namorado, ainda que de muitos deles ela não gostasse, foi o determinante para que ela continuasse o relacionamento. De forma similar a procurar vagas num estacionamento cheio ou procurar novos restaurantes, algumas investidas amorosas não dariam certo. Talvez ela sofresse algumas rejeições e se relacionasse com pessoas que não a fariam bem. Todavia, é muito provável que, em algum momento, ela se visse em uma nova relação que a deixasse mais feliz.


   A melhor maneira de mudar é intervir sobre aspectos práticos do nosso meio. As consequências dessa intervenção, fatalmente, vão nos modificar. Entretanto, para fazê-lo, precisaremos sair da zona de conforto e nos depararmos com o imprevisível e o incontrolável, o que, inevitavelmente resultará em fracassos. A chave, portanto, é aceitar os fracassos como parte da natureza, da mesma forma que o sol se põe e nasce no dia seguinte. A melhor maneira de aumentarmos a nossa coragem é deixarmos de dar importância para os nossos fracassos. A única forma de fazê-lo é fracassando.

 

 

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